sábado, 30 de maio de 2009

Modernismo no Brasil

"A gente não quer só comida! A gente quer comida, diversão e ARTE!" (Comida, Titãs)

Modernismo Brasileiro


O Modernismo Brasileiro é um movimento de amplo espectro cultural, desencadeado tardiamente nos anos 20, influenciado por movimentos da Europa antes da Primeira Guerra Mundial - Expressionismo, Cubismo e Futurismo.
No modernismo brasileiro observa-se predominância de valores expressionistas presentes nas obras de precursores como Lasar Segall e Anita Malfatti e mais tarde a emergência do surrealismo observado na pintura de Ismael Nery e de Tarsila do Amaral. Chama atenção que a disciplina e a ordem da composição cubista constituem estrutura básica das obras de Tarsila, Antonio Gomide e Di Cavalcanti. Nos anos 20, a pintura dos modernistas brasileiros vai misturar ao “revival” das artes egípcia, pré colombiana e vietnamita, elementos do “Art Déco”.
É São Paulo o centro das idéias modernistas, encontro de jovens intelectuais com artistas plásticos, eclodindo a vanguarda modernista. Diferentemente do Rio de Janeiro, reduto da burguesia tradicionalista e conservadora, São Paulo, incentivado pelo progresso e pelo afluxo de imigrantes italianos, será o cenário propício para o desenvolvimento do processo do Modernismo. Este processo teve eventos como a primeira exposição de arte moderna com obras expressionistas de Lasar Segall em 1913, o escândalo provocado pela exposição de Anita Malfatti entre dezembro de 1917 e janeiro de 1918 e a “descoberta” do escultor Victor Brecheret em 1920. Com maior ou menor peso, estes três artistas constituem, no período heróico do Modernismo Brasileiro, os antecedentes da Semana de 22.
A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que tinha como objetivo a atualização das artes, e a procura da identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti como um evento que causasse impacto e escândalo, esta Semana proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o desenvolvimento artístico e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da Modernidade Brasileira.
Alessandra nº01, Iris nº10

Quando e onde

Semana de Arte Moderna 1922


Realizada no Teatro Municipal de São Paulo nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna organizada por

Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Manuel Bandeira, Tarsila do Amaral, Villas-Lobos e outros, marca o início do modernismo brasileiro, é o ponto de encontro das várias tendências modernas que vinham, desde a Primeira Guerra Mundial (1914-18) se firmando em São Paulo e no Rio de Janeiro. Contribuiu para consolidar certos grupos e suas idéias, com um espaço cativo em livros, revistas e manifestos. Essas idéias, porém, só seriam completamente aceitas depois de alguns anos, quando chegaram a outros Estados brasileiros.
Em Minas Gerais, foi acolhida por artistas como Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, Emílio Moura, Abgar Renault e João Alphonsus.
No Rio Grande do Sul, Mário Quintana, Augusto Meyer, Pedro Vergara e Guilhermino César acabariam aderindo às idéias modernistas.
No Nordeste, influenciou as obras de José Américo de Almeida, Jorge de Lima entre outros.





Semana da Arte Moderna em 1922, O Encontro, Mário de Andrade (sentado), Anita Malfatti (sentada, ao centro) e amigos na exposição de Zina Aita (à esquerda de Anita), em São Paulo, em 1922. As apresentações artísticas da Semana de Arte Moderna aconteceram no Theatro Municipal de São Paulo (Foto déc. XX www.sempla.prefeitura.sp.gov.br/historico/1920.php).






Iris nº10, Letícia P.nº16

Literatura

O movimento modernista no Brasil contou com duas fases: a primeira foi de 1922 a 1930 e a segunda de 1930 a 1945. A primeira fase caracterizou-se pelas tentativas de solidificação do movimento renovador e pela divulgação de obras e idéias modernistas.

Primeira fase Modernista no Brasil (1922-1930)
Caracteriza-se por ser uma tentativa de definir e marcar posições. Período rico em manifestos e revistas de vida passageira. Na literatura há a criação de uma forma de linguagem, que rompe com o tradicional, transformando a forma como até então se escrevia.

Este período começa com a Semana de Arte de 1922
. As principais características da literatura modernista são: nacionalismo, temas do cotidiano (urbanos), linguagem com humor, liberdade no uso de palavras (utilização do verso livre, quase abandono das formas fixas como o soneto, a fala coloquial, aus~encia de pontuação,...), e textos diretos.
Entre os fatos mais importantes, destaca-se a publicação da revista Klaxon, lançada para dar continuidade ao processo de divulgação das idéias modernistas, e o lançamento de quatro movimentos culturais: o Pau-Brasil, o Verde-Amarelismo, a Antropofagia e a Anta.
O Movimento Pau-Brasil foi lançado em 1924
por Oswald de Andrade e Tarsilla do Amaral. Apresentava uma posição primitivista, buscando uma poesia ingênua, de redescoberta do mundo e do Brasil, inspirado nos movimentos de vanguarda europeus.


Verde-Amarelismo

Grupo composto pelos paulistas Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Cândido Mota Filho e Alfredo Élis. Surgiu em 1926, como resposta ao grupo Pau-Brasil. O grupo Verde-Amarelo, além de criticar o "nacionalismo importado" de Oswald de Andrade, propunha um nacionalismo primitivista e ufanista. Para eles, o ingresso do Brasil na modernidade implicava no rompimento radical com toda herança cultural européia. Seu lema era taxativo: "Originalidade ou Morte!" o projeto cultural do verde-amarelismo tinha também sua contrapartida política: o autoritarismo aparecia como condição imprescindível para a independência cultural e política do país. Era através do jornal Correio Paulistano que o grupo defendia as suas idéias. Em 1927, esses artigos foram reunidos em uma coletânea com o título O Curupira e o Carão. Em maio de 1929, o grupo publicou o manifesto Nhengaçu Verde Amarelo (Manifesto do Verde-Amarelismo ou da escola da Anta), em que defendia a integração étnico-cultural sob o domínio da colonização portuguesa, o nacionalismo sentimental e o predomínio das instituições conservadoras, que entre outras coisa afirmava:
"O grupo "verde-amarelo", cuja regra é a liberdade plena de cada um ser brasileiro como quiser e puder; cuja condição é cada um interpretar o seu país e o seu povo através de si mesmo, da própria determinação instintiva; o grupo "verde-amarelo", à tirania das sistematizações ideológicas, responde com a sua alforria e a amplitude sem obstáculo de sua ação brasileira. (...)Aceitamos todas as instituições conservadoras, pois é dentro delas mesmo que faremos a inevitável renovação do Brasil, como o fez, através de quatro séculos, a alma da nossa gente, através de todas as expressões históricas.Nosso nacionalismo é "verdamarelo" e tupi. (...)"

Na década de 1930, o grupo se bifurcou em dois movimentos distintos: o integralismo e o bandeirismo. Rompendo com o grupo de origem, Plínio Salgado fundou em 1932 a Ação Integralista Brasileira. Liderado por Cassiano Ricardo, o bandeirismo reuniu o restante do grupo, que recebeu ainda o apoio de mais alguns intelectuais paulistas. O movimento tinha como proposta o fortalecimento do Estado, posicionando-se contra o comunismo e o fascismo. Era preciso defender as fronteiras geográficas e culturais do país, evitando a penetração de ideologias consideradas "alienígenas".
Ao longo da década de 1940, Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia e Candido Mota Filho iriam tornar-se, em diferentes graus, ideólogos do Estado Novo, escrevendo artigos na imprensa diária em que defendiam as bases doutrinárias do regime. Cassiano Ricardo assumiu a direção do jornal A Manhã, porta-voz do regime, e a chefia do departamento político-cultural da Rádio Nacional. Já Candido Mota Filho assumiu a direção do DEIP (Departamento Estadual de Imprensa e Propaganda) de São Paulo. A trajetória desse grupo ao longo de três décadas revela os vínculos que existiram entre a ideologia autoritária do Estado Novo e a do modernismo.


Movimento Antropofágico (1918)

Liderado por Oswald de Andrade é uma resposta às questões colocadas pela Semana de Arte Moderna de 1922. Para ele, a renovação da arte nasceria a partir da retomada dos valores indígenas, da liberação do instinto e da valorização da inocência. O objetivo de Oswald de Andrade era a deglutição (daí o caráter metafórico da palavra "antropofágico") da cultura do outro externo. O Manifesto Antropófago, dizemos que ele manifesta:

1) a crítica ao erudito e

2) a tentativa de se estabelecer a identidade nacional, as duas, por meio da metáfora.

A Antropofagia é uma declaração de guerra a todos os povos civilizados e cristãos que impuseram suas culturas ao povo brasileiro. Ela é inovadora, mas tem suas raízes na tradição européia.
Fonte: CPDOC/FGV
A importância maior das vanguardas foi de uma concepção inteiramente libertária da criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisa seguir outras leis que não as de sua própria interioridade e escolha, abrindo caminho para as outras artes.



PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS


Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado

MÁRIO DE ANDRADE
Poesia - Paulicéia Desvairada, Losango Cáqui, Clã do Jabuti, Remate dos Males, Lira Paulistana.
Prosa - Amar, verbo intransitivo, Macunaíma, Contos Novos.


OSWALD DE ANDRADE
Os condenados, Memórias Sentimentais de João Miramar, Serafim Ponte Grande e O rei da vela (teatro).


MANUEL BANDEIRA
Carnaval, O ritmo dissoluto, Libertinagem, Estrela da manhã, Estrela da tarde, Estrela da vida inteira.


ALCÂNTARA MACHADO
Brás, Bexiga e Barra Funda e Pathé Baby.


Segunda fase Modernista no Brasil - (1930-1945)
Estende-se de 1930 a 1945, sendo um período rico na produção poética e também na prosa. É a fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Fica evidente o interesse por temas nacionais, uma linguagem mais brasileira, com um enfoque mais direto dos fatos marcados pelo Realismo – Naturalismo do século XIX.
O romance enfatiza o regionalismo, principalmente o nordestino, onde problemas como a seca, a migração, os problemas do trabalhador
rural, a miséria, a ignorância foram ressaltados. Além do regionalismo, destacaram-se também outras temáticas: surgiu o romance urbano e psicológico, o romance poético-metafísico e a narrativa surrealista.


“A segunda fase colheu os resultados da precedente, substituindo o caráter destruidor pela intenção construtiva, pela recomposição de valores e configuração da nova ordem estética”.


-CASSIANO RICARDO
A poesia prossegue com a tarefa de purificação de meios e formas iniciada antes, ampliando a temática na direção da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade, ao tempo em que a prosa alargava a sua área de interesse para incluir preocupações novas de ordem política, social e econômica, humana e espiritual. À piada sucedeu a gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração, preocupada com o destino do homem e com as dores do mundo, pelos quais se considerava responsável, deu à época uma atividade excepcional.
A geração de 30 não precisou ser combativa como a de 22. Eles já encontraram uma linguagem poética modernista estruturada. Passaram então a aprimorá-la e extrair dela novas variações, numa maior estabilidade.
O Modernismo já estava incorporado às praticas literárias brasileiras, sendo assim os modernistas de 30 estão mais voltados ao drama do mundo e ao desconcerto do capitalismo.

PRINCIPAIS AUTORES E OBRAS
Destacam-se as seguintes obras :

Graciliano Ramos
Vidas Secas,

José Lins do Rego
Fogo Morto,

Rachel de Queiroz
O Quinze

Jorge Amado
O País do Carnaval.


Os principais poetas desta época são:

Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles.




Isabella nº11 e Talita nº30

Pintura

Pintura


A pintura moderna apresenta uma diversidade artística nunca antes vista. Em conseqüência, trouxe muita polêmica. O real desejo era propor algo voltado para o Brasil, com influências européias sim, mas que procurasse personalizar a arte brasileira.
Em 1913, Lasar Segall fez, em São Paulo e em Campinas, a primeira mostra de arte moderna no Brasil. A repercussão foi nula. Anita estreou no ano seguinte, expondo quadros no estilo do expressionismo de Berlim, onde estudara. Segall também foi um seguidor dessa escola. Em 1915, em O Pirralho, Oswald prega a necessidade de uma pintura brasileira. Em 1917, o ano da Revolução Russa, Anita lançou, sem querer, a questão da arte moderna no Brasil. A mostra da pintora desencadeou o processo. Para Mário da Silva Brito, principal historiador do movimento, Anita foi o "estopim do modernismo". A exposição apresentava 53 trabalhos, muitos deles como: O Farol, O Japonês e O Homem Amarelo, executados nos Estados Unidos, onde Anita também estudara. São Paulo acolheu bem a mostra, comprou quadros, parecia entendê-los. Porém, Monteiro Lobato escreveu o artigo Paranóia ou Mistificação? para o Estado de S. Paulo em 20 de dezembro de 1917. Lobato referia-se à exposição de Anita Malfatti. A exposição e a repercussão provocada pelas severas críticas de Monteiro Lobato, impulsionou a organização dos artistas para criar a Semana de 22.
Para Mário de Andrade, a exposição de 1917 foi a revelação do novo: "Foi ela, foram seus quadros, que nos deram uma primeira consciência de revolta e de coletividade em luta pela modernização das artes brasileiras".




Letícia nº15 e Marina nº24

Arquitetura

Arquitetura


Os arquitetos Modernistas buscavam o racionalismo e funcionalismo em seus projetos, sendo que as obras deste estilo apresentavam como características comuns, formas geométricas definidas, sem ornamentos; separação entre estrutura e vedação; uso de pilotis a fim de liberar o espaço sob o edifício; panos de vidro contínuos nas fachadas ao invés de janelas tradicionais; integração da arquitetura com o entorno pelo paisagismo, e com as outras artes plásticas através do emprego de painéis de azulejo decorados, murais e esculturas.
A influência da Semana sobre a arquitetura moderna brasileira foi pequena. No catálogo
com a programação da Semana é possível perceber que a participação realmente foi tímida. Os principais projetos foram apresentados pelos arquitetos Antonio Moya e Georg Przyrembel. Menotti del Picchia escreveu um artigo onde diz:
“Ultimamente, os estudos de Moya, o jovem e brilhante arquiteto paulista, procuram resolver o problema capital de harmonizar a escultura com a arquitetura, fundidas ambas numa harmonia integral e íntima, de modo que uma resulte de outra, naturalmente, sem acusar o aplicado, o postiço, o artificioso, o fútil.”
A partir de 1925, com a publicação do primeiro manifesto por Gregori Warchavchik, com o título de "Futurismo" no jornal Il Piccolo (em italiano) na cidade de São Paulo, é que a discussão sobre a temática começa a ser aprofundada. Warchavchik, de origem russa, chegou ao Brasil em 1924 e é considerado o mais importante arquiteto do modernismo. Um de seus principais projetos é sua casa na rua Itápolis, em São Paulo, inaugurada em 1930. Hoje ela é um Centro Cultural
e é conhecida como a Casa Modernista.




Alessandra nº01, Iris nº 10

Música e modernismo

Música



No romantismo, a música era descritiva, tendo como principal influência Carlos Gomes. O
Modernismo procurava o oposto: a música em sua essência e sem conceitos. No movimento modernista brasileiro, foi característica dos compositores nacionalistas a riqueza de elementos populares e folclóricos em suas músicas. Para eles, somente a música rural era dotada de virtudes próprias e tradicionalmente nacionais, enquanto a música urbana sofria influência estrangeira.
Para Mário de Andrade, nem toda música urbana deveria ser desprezada pois, mesmo nas regiões mais urbanizadas, ainda resistiam "grupos isolados" que se mantinham fora da influência estrangeira, preservando um folclore.
Com influência européia e o nacionalismo iniciado por Alberto Nepomuceno, Heitor Villa-Lobos traz para a Semana de Arte a música erudita modernista. Villa-lobos procurava, desde 1915 em seus concertos, provocar rupturas com as formas harmônicas convencionais e realiza a mistura do erudito com o popular brasileiro, influenciado pelo francês Darius Milhaud. Mistura adotada, posteriormente, pela literatura e as artes plásticas.
Um momento de constrangimento e vaias aconteceu quando
Villa-Lobos apresentou-se de casaca, mas com um pé calçado com um sapato e outro com um chinelo. O compositor tem um calo inflamado. Os protestos ao figurino do regente são inúmeros. Um espectador da primeira fila abriu um guarda-chuva preto.
Em sua apresentação trouxe composições, de 1914 a 1921, que misturavam a música romântica e a moderna. A novidade confundia os críticos, alguns elogiavam e outros criticavam, o que se via era uma confusão que misturava conceitos e preconceitos. Encontravam-se perdidos em como classificar aquele novo estilo musical.
A obra de Villa-Lobos não foi a única apresentada durante a Semana de Arte Moderna. Obras dos compositores franceses Claude Debussy e Eric Satie foram interpretadas, respectivamente, por Guiomar Novaes e Ernani Braga. Braga também interpretou uma obra de Villa-Lobos: A Fiandeira.




Isabella nº11 e Letícia P. nº16

Menotti Del Picchia


Menotti del Picchia


www.academia.org.br/itens.htm
Jornalista, poeta, romancista, contista, ensaísta, teatrólogo, historiador e pioneiro da indústria cinematográfica brasileira. Menotti Del Picchia é uma das maiores expressões da vida cultural paulista, com destacada atuação em todas as áreas por onde passou, entre as quais a Semana de Arte Moderna em 1922, da qual foi um dos líderes.
Nascido em São Paulo, capital, a 20 de março de 1892, numa casa da Ladeira São João, em São Paulo. De destacada atuação no Movimento Modernista, autor do poema Juca Mulato (1917), obra de repercussão internacional e que teve dezenas de edições. Filho dos italianos Luís Del Picchia e Corina Del Corso Del Picchia. Teve cinco irmãos: Carolina, José, Liberal, Luís e Raineri.
Mudou-se para ltapira, cidade do interior paulista, onde fez o curso primário. Seus estudos secundários foram feitos em Campinas, São Paulo, e em Pouso Alegre, Minas Gerais, onde se diplomou em Ciências e Letras.
Aos 13 anos de idade começou a produzir suas primeiras obras literárias e aos 16 anos, fundou e dirigiu O Mandu, um pequeno jornal do ginásio local para divulgar suas produções literárias. Casa-se a 20 de março, dia de seu vigésimo aniversário, com a fazendeira itapirense Francisca da Cunha Rocha Sales.
Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo (1913), ano em que publicou seu livro de estréia, Poemas do vício e da virtude (1913) e voltou para Itapira onde foi agricultor, exerceu a advocacia, dirigiu o jornal Cidade de Itapira e fundou o jornal político O Grito. Lá escreveu os poemas Moisés e Juca Mulato, ambos publicados no mesmo ano, e voltou a residir em São Paulo. Autor de romances, contos e crônicas, de novelas e ensaios, de peças de teatro, de estudos políticos e de obras da literatura infantil. Suas crônicas publicadas (1920-1930) no Correio Paulistano, constituíram-se numa espécie de diário do modernismo.
Com Graça Aranha, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros, liderou o Movimento Modernista Brasileiro e foi um dos promotores da Semana de Arte Moderna, realizada no Teatro Municipal de São Paulo (1922). Fundou jornais e revistas, foi fazendeiro, procurador geral do Estado de São Paulo, editor, diretor de banco e industrial, tabelião e ocupou diversos e altos cargos administrativos.
Fez pintura e escultura e foi duas vezes deputado estadual e três vezes federal por São Paulo. Pertence às Academias Paulista e Brasileira de Letras, para a qual foi eleito (1943) para ocupar a Cadeira n. 28, na sucessão de Xavier Marques.
Em 1982, é proclamado Príncipe dos Poetas Brasileiros. Esse título só havia sido concedido a mais três poetas: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Olegário Mariano.
O poeta morreu na cidade de São Paulo, com 96 anos, no dia de 23 de agosto de 1988.Em Itapira foi dado o nome de “Juca Mulato” a um parque e o nome do poeta a uma praça, além da construção do memorial Casa de Menotti Del Picchia.

Obras de Menotti Del Picchia
Poesia e ProsaPoemas do Vicio e da Virtude, Moisés, Juca Mulato, Máscaras, Angústiade D. João, Chuva de Pedra, Poemas de Amor, Amor de Dulcinéa, Poesias, Poemas, República dos Estados, Unidos do Brasil, O Vôo.RomancesLaís, Tragédia de Zilda, Dente de Ouro, A Tormenta,O Homem e a Morte, A Filha do Inca, Kalum,O Mistério do Sertão, Kummunká, Salomé.Contos e NovelasA Mulher que Pecou, O Crime Daquela Noite, Toda Nua, A Outra Perna do Saci, O Despertar de S. Paulo, A Fronteira, Flama e Argila.
Ensaios e MonografiasA Crise da Democracia, Soluções Nacionais, Pelo Divórcio, A Revolução Paulista Ensaio de Exposição do Pensamento Bandeirante, Por Amor do Brasil, O Governo Julio Prestes e o Ensino Primário, O Currupira e o Carão (com Plinio Salgado e Cassiano Ricardo), O Momento Literário Brasileiro.TeatroJesus - Tragédia sacra em versos. Suprema Conquista. D. Quixote. O Covarde. O Incubo.CrônicasPão de Moloch, Nariz de Cleópatra, Natal, O Peixe, Villa-Lobos, Comeram um Homem, O Gato Preto, O Guarda-Chuva, O Bailadocom a Morte, As Sogras.Literatura Infantil As Viagens de João Peralta e Pé de Moleque. Pé de Moleque e João Peralta no País das Formigas.Os últimos vôos O Momento, Cromo, Noite, Velha Canção, Prostituta, Canção deD. João Tenório, O Aranhol, A Paz, Destino, Cantiga do Sapateiro,Uma História, 25 Anos, Lola, Poema do Vento,Carolina, Os mortos,Jardim Tropical, Noturno, Bairro da Luz, Soneto, Piedosa Mentira,O Beco, Humilde Súplica.MemóriasA Longa Viagem (1º Etapa), A Longa Viagem (2º Etapa)

Alguns Poemas de Menotti Del Picchia:

Noite
As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem.
Todos os rumores são postos em surdina,
todas as luzes se apagam.
Há um grande aparato de câmara funerária
na paisagem do mundo.
Os homens ficam rígidos,
tomam a posição horizontal
e ensaiam o próprio cadáver.
Cada leito é a maquete de um túmulo.
Cada sono em ensaio de morte.
No cemitério da treva
tudo morre provisoriamente.

Beleza
A beleza das coisas te devasta
como o sol que fascina mas te cega.
Delas contundo a luminosa entrega
nunca se dá, melhor, nunca te basta.
E a imensa paz que para além te arrasta
quanto mais se te esquiva ou te renega...
Paz tão do alto e paz dessa macega
que nos campos esplende à luz mais casta.
A beleza te fere e todavia
afaga, uma emoção (sempre a primeira e nunca
repetida) que conduz
o teu deslumbramento para um dia
à noite misturado, na clareira
em que te sentes noite em plena luz.


Artes Plásticas de Menotti Del Picchia


Paisagem Urbana Tela de Menotti Del Picchia
www.febf.uerj.br

Tela de Menotti Del Picchia
http://www.casamenotti.com.br/


Desenhos de Menotti Del Picchia
www.casamenotti.com.br



Angústia De Don João
Livro de Menotti Del Picchia
São Paulo: Nacional, 1928. 53pp.
Ilustrado em P e B. Desenhos de Mik Carnicelli.
http://www.prefeitura.sp.gov.br/

Isabella nº11 e Talita nº30

Bidu Sayão cantando "O kinimba" de Ernani Braga














Isabella nº11, Leticia P. nº16

Ernani Braga

Ernani Braga


http://www.kuarup.com.br/



Ernani Braga nasceu no Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1888. Era filho de portugueses, estudou piano com os melhores professores da época. Ganhou uma bolsa de estudos na França onde conheceu sua esposa Eponina D'Atri. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo, ao lado de Villa Lobos, como seu intérprete.
Carioca, boêmio, mulato de olhos verdes, viajante e jogador, Braga foi bom compositor, mas será lembrado principalmente pela harmonização de canções populares. Em Pernambuco deixou importante marca no mundo musical da cidade como fundador do Conservatório de Recife. O professor e maestro Ernani Braga, liderando outros ilustres músicos da época, desenvolveu uma campanha em prol da criação do Conservatório Pernambucano de Música, como um meio de elevar o nível de ensino da música, através da educação musical. Ele não entendia como Recife, capital aberta às grandes iniciativas culturais e com um grande numero de músicos, não tivesse um estabelecimento de ensino do gênero, dispondo de tão grande potencial docente.
Professor de Camargo Guarnieri em São Paulo, formador de corais, confessava-se "um enamorado dos Pampas", e daí esta tão expressiva canção folclórica gaúcha.
Morreu em São Paulo em 20 de setembro de 1948.
Participação de Ernani Braga na Semana de Arte Moderna:
Participantes:
Música: Heitor Villa-Lobos, Guiomar Novaes e Ernani Braga.
No dia 13 de fevereiro, o músico Villa-Lobos, ao reger duas composições de sua autoria, foi vaiado pelo auditório com gritos e assobios, provocando uma enorme confusão no Teatro Municipal e interrompendo a sua apresentação.
A conferência de Graça Aranha é ilustrada por musicais regidos por Ernani Braga e por declamações de poemas feitas por Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida.
O "gran finale" surge na forma de um recital de música comandado pelo maestro Ernani Braga.
A música de Ernani Braga critica Chopin, o que levaria a pianista Guiomar Novaes a protestar publicamente contra os organizadores da semana.

Solos de piano: Ernani Braga na Semana de Arte Moderna:

a) (1917): "Valsa mística" (da Simples Coletânea);
b) (1919): Rodante (da Simples Coletânea);
c) (1921): A fiandeira (Villa Lobos)

Músicas de Ernani Braga:
Prenda Minha
Capim di Pranta
Nigue-nigue-nhas
São João Da Ra Rão







Isabella M. nº11 e Letícia P. nº16

Programação musical durante a Semana de Arte Moderna


1. Sonata II de violoncelo e piano - (1916)
a) Allegro moderato;
b) Andante;
c) Scherzo;
d) Allegro Vivace sostenuto e finale.
Alfredo Gomes e Lucília Villa-Lobos.

2. Trio Segundo: violino, violoncelo e piano - (1916)
a) Allegro moderato;
b) Andantino calmo (Berceuse-Barcarola);
c) Scherzo-Spiritoso;
d) Molto allegro e finale.
Paulina d'Ambrósio, Alfredo Gomes e Fructuoso de Lima Vianna.


5. Solos de piano: Guiomar Novaes:
a) E. R. Blanchet: Au jardin du vieux Serail (Andrinople).
b) H. Villa Lobos: O Ginête do Pierrozinho.
c) C. Debussy: La soirée dans granade.
d) C. Debussy: Minstrels.

6. Canto e piano
Frederico Nascimento Filho e Lucíllia Villa Lobos
a) Festim Pagão ( 1919)
b) Solidão (1920)
c) Cascavel (1917 )


7. Quarteto Terceiro (cordas 1916)
a) Allegro giusto.
b) Scherzo satirico (pipocas e patócas).
c) Adagio.
d) Allegro con fuoco e finale.
Violinos: Paulina d'Ambrósio - George Marinuzzi.
Alto: Orlando Frederico.
Violoncelo: Alfredo Gomes.

8. Trio Terceiro - violino, violoncelo e piano - (1918)
a) Allegro con moto;
b) Moderato;
c) Allegretto spiritoso;
d) Allegro animato.
Paulina d'Ambrósio, Alfredo Gomes e Lucília Villa-Lobos.

9. Canto e piano: Mario Emma e Lucília Villa Lobos.
Historietas de Ronald de Carvalho (1920)
a) "Lune d'octobre";
b) "Voilà la vie";
c) "Jois sans retard, car vite s'ecoule la vie".

10) Sonata Segunda - violino e piano - (1914)
a) Allegro non troppo;
b) Largo;
c) Allegro rondó - Prestissimo finale.
Paulina d'Ambrósio e Fructuoso Vianna
11. Solos de piano: Ernani Braga:
a) "Camponesa Cantadeira" - (da Suite Floral) - 1916.
b) "Num berço encantado" - (da Simples Coletânea) - 1919.
c) Dança infernal - 1920.



12) Quarteto Simbólico - Impressões da vida mundana) - flauta, saxofônico, celesta e harpa ou piano.
Com femininas em coro oculto - (1921)
a) Allegro non troppo;
b) Andatino;
c) Allegro, finale.
Pedro Vieira, Antão Soares, Ernani Braga e Fructuoso de Lima Vianna.


Fonte: REZENDE, Neide. A Semana de Arte Moderna. Ática: 1993.



Alessandra nº01, Talita nº30

Anita Malfatti

Anita Malfatti


Pintora, desenhista, gravadora, ilustradora e professora, Anita Catharina Malfatti nasceu em São Paulo em 02 de dezembro de 1889.
Segunda filha do engenheiro italiano Samuel Malfatti e de Betty Krug, americana, mas de família alemã, nasceu com atrofia no braço direito. Aos três anos de idade foi levada pelos pais a Lucca, na Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da vida, o que não a impediu de pintar. Voltando ao Brasil, teve a sua disposição Miss Browne, uma governanta alemã, que a ajudou no desenvolvimento do uso da mão esquerda e no aprendizado da arte e da escrita.







Iniciou seus estudos em 1897 no Colégio São José de freira católicas, situado à Rua da Glória. Aí foi alfabetizada. Posteriormente passa a estudar na Escola Americana e em seguida no Mackenzie Colite onde, em 1906, recebe o diploma de normalista.
Falece Samuel Malfatti, esteio moral e financeiro da família. Sem recursos, sua mãe D.Betty, para sustentar a família, passa a dar aulas particulares de idiomas e também de desenho e pintura. Chegou a submeter-se à orientação do pintor Carlo de Servi para com mais segurança ensinar suas discípulas. Anita acompanhava as aulas e nelas tomava parte. Foi sua mãe quem lhe ensinou os rudimentos das artes plásticas." Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada ainda me revelara o fundo da minha sensibilidade (...). Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria à decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."Anita Malfatti.

Após iniciar na pintura com a mãe, foi para a Europa em 1910. Estudou na Academia Real de Belas-Artes de Berlim, teve aulas particulares e teve contato com o expressionismo alemão. De volta ao Brasil em 1914, fez uma pequena exposição. Viajou em seguida para Nova Iorque, onde freqüentou a Art Students League e a Independent School of Art em 1915-1916.





Em dezembro de 1917 realizou em São Paulo uma polêmica exposição, considerada a primeira mostra de arte moderna no Brasil. Em contraposição às fortes críticas de Monteiro Lobato, recebeu o apoio de Oswald de Andrade, Mario de Andrade e Menotti del Picchia, que saíram em sua defesa, bem como dos princípios da arte moderna. Em torno de seu nome formou-se o grupo de intelectuais e artistas que iriam organizar a Semana de Arte Moderna de 1922, da qual participou, expondo 20 obras. Formou o chamado "Grupo dos Cinco", responsável pelo início do modernismo no país com Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia.



O Grupo dos Cinco, 1922, Anita Malfatti, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Tarsila do Amaral. Coleção de Artes visuais do Instituto de Estudos Brasileiros – USP (São Paulo, SP).

Em 1923 seguiu para a França com bolsa de estudos do governo paulista e aí permaneceu até 1928. Foi aluna de Maurice Denis, freqüentou cursos livres de arte e manteve contato com Fernand Léger, Henri Matisse e Tsugouharu Foujita que influenciaram suas obras.


Em 1928 retornou ao Brasil e lecionou desenho e pintura no Mackenzie College, na Escola Normal Americana, na Associação Cívica Feminina e em seu ateliê.
Na década de 30, em São Paulo, integra a Sociedade Pró-Arte Moderna-SPAM, a Família Artística Paulista-FAP e participa do Salão Revolucionário.
A primeira retrospectiva acontece em 1949, no MASP (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand).
Em 1951 participou da I Bienal de São Paulo.

Doze anos depois, a direção da mostra reservou uma sala para a exposição de 45 trabalhos de sua autoria.
Faleceu em São Paulo, em 1964. Sua obra é mostrada em inúmeras exposições, no Brasil e no exterior. Entre seus quadros mais famosos, destacam-se A Estudante Russa, Tropical, O Homem Amarelo, O Japonês, A Boba.
[Fonte: CPDOC/FGV]

Obras de Anita Malfatti


Paisagem Rural
Menina Lendo
O Violeiro e a Daminha no Engenho
Vaso de Flores
Pé de Jabuticaba
A Bailarina
Nossa Senhora Auxiliadora e D. Bosco
Paisagem de Santo Amaro
Paisagem
Mulher no Espelho
O Homem Amarelo
Vaso de Flores
Torso/Ritmo
A Boba
Gladíolos (Palmas de Santa Rita)
Nu Cubista
A Estudante Russa
A Mulher de Cabelos Verdes

A Onda
Tropical
O Japonês
O Farol de Monhegan
O Barco
A Ventania
O Homem de Sete Cores
Auto-Retrato de Anita Malfatti
Paisagem do Rio de Janeiro Com o Corcovado ao Fundo
Paisagem (Acesso ao Monte Serrat - Santos - SP)
Caipirinha
Fazendinha

A Estudante Russa – Anita Malfatti



Tropical – Anita Malfatti (1917)



O Homem Amarelo- Anita Malfatti



O Japonês - Anita Malfatti


A Boba – Anita Malfatti (1915/1916)


Torso – Anita Malfatti (1917)

A Onda - Anita Malfatti (1915-1917)


A Ventania – Anita Malfatti (1915-1917)



Porto de Mônaco – Anita Malfatti (1925-1926)



Mário de Andrade – Anita Malfatti (1921)


Auto-Retrato – Anita Malfatti (1922)


Retrato de Nonê – Anita Malfatti (1935)


Interior de Mônaco - Anita Malfatti (1925)



A Bailarina, de Anita Malfatti, década de 20, óleo sobre tela.

S/A Fluxo Comércio e Assessoria Internacional.



"Veneza Canaleto" de Anita Malfatti, 1927, óleo sobre madeiraAcervo do Museu de Arte Brasileira – FAAP




Letícia nº15 e Marina nº24

Anita Malfatti e Tarsila do Amaral

ANITA e TARSILA


Apesar de alguns (especuladores negligentes) tentarem afirmar que Tarsila do Amaral e Anita Malfatti foram inimigas - desconhecendo o fato das duas terem iniciado uma sólida amizade quando foram alunas de Pedro Alexandrino (1918...), desconhecendo também que Anita manteve Tarsila informada (na Europa) dos acontecimentos daqui, como assim fez quando da realização da Semana de Arte Moderna, antes de postar qualquer texto-estudo sobre a Tarsila, deixo aqui três tópicos importantíssimos: o primeiro é o desenho-retrato que Anita fez de Tarsila - provavelmente em 1919; o segundo: a foto das duas quando da Mostra de Anita no MASP, em 1955, tendo ao centro o Desenho-Retrato de Tarsila; e o terceiro: uma crônica de Tarsila sobre Anita. Assim:



Retrato de Tarsila por Anita Malfatti
(Pastel, 43 x 32 cm - 1919)



Tarsila do Amaral e Anita Malfatti (1955)


TERCEIRO TÓPICO:
DO LIVRO "TARSILA CRONISTA" Anita Malfatti6.12.1945.
No próximo dia 11 encerra-se no Instituto dos Arquitetos, à rua 7 de Abril, a exposição de pintura de Anita Malfatti. Fez muito bem a artista em apresentar de novo ao público alguns dos quadros que lhe restam da célebre exposição que realizou em fins de dezembro de 1916. Era essa a primeira exposição de arte moderna que se via no Brasil, e mesmo na América do Sul. Esses quadros, que nossos olhos educados admiram hoje como quem admira a paisagem cotidiana, já foram alvo de injúrias e anátemas. Anita, que nesse tempo era uma simples menina corajosa, enfrentou o público de São Paulo, apresentando uma pintura nunca dantes vista nem sequer imaginada nestas paragens. Foi, portanto, um perfeito escândalo. Acham-se agora algumas dessas telas no Instituto dos Arquitetos, dando-nos a oportunidade de verificar a evolução do povo daquela época. Bem poucos a compreenderam. Sei que Wasth Rodrigues, pintor que representava uma arte bastante avançada para o meio, lamentava não saber pintar como Anita. Imagine-se o efeito dessa confissão entre os nossos artistas!O falecido professor Elpons, que mantinha em São Paulo um curso de pintura, deixando boas influências, fez-lhe também grandes elogios e chamava a atenção para alguns desenhos de colegas da artista, os quais figuravam entre os quadros expostos no salão térreo da Rua Líbero Badaró. Esses desenhos eram para o público uma charada de bem difícil decifração: figuras em movimento, de caráter cubista. Anita chegava dos Estados Unidos, para onde fora depois de um breve curso de pintura na Alemanha. Em Nova York, uma colega de academia disse-lhe uma vez: “Vamos para uma escola livre. Lá você poderá pintar como quiser”. Era a “Independence School of Art”, dirigida por Homer Boss, onde se reunia um pequeno grupo heterogêneo: pintores, dançarinos, artistas dramáticos. Eram poucos, mas pesavam bem na balança dos valores: Isadora Duncan e seu irmão, Raymond Duncan; Juam Gris; Baylinson, cujos desenhos foram expostos por Anita, assim como os de Sara Friedman e Floyd O´Neal, de linhagem aristocrática, sobrinha de Mac Adoo, secretário do gabinete do presidente Wilson. Também faziam parte o grupo a grande bailarina russa Napierkwska, que na Primeira Guerra Mundial refugiara-se nos Estados Unidos; Marcel Duchamp e um neto de Claude Monet. O Ministro da Guerra, Daniels, ia freqüentemente de Washington a Nova York par passear com Anita, Sara Friedman, Floyd O´Neal e uma sobrinha sua, de nome Evelyn Hope Daniels, que pertencia também ao grupo da “Independence School of Art”. Anita se recorda com saudades desses amigos. A vida era mais ou menos surrealista. Quando se tratava de almoçar, o secretário Baylinson se apresentava entre os estudantes e corria o chapéu, com o cuidado de cobri-lo bem para que ninguém vise o dinheiro ali depositado, escondido antes na mão fechada. A maior parte, em dificuldades financeiras, não deixava cair nem um cêntimo, mas o chapéu era milagroso e dinheiro não faltava. Um dia Baylison disse a Anita em segredo: “Não seja boba. Não dê nada, porque aqui trabalham dois milionários que se fingem de pobres; uma senhora e o rei do aço”. (O rei do aço talvez saísse da imaginação de Baylinson). Esses ricaços queriam uma vida simples, com estímulo e conforto espiritual entre os alunos. A escola ficava muitas vezes em pé de fechar. Não havia dinheiro para o aluguel. Todos lamentavam, choravam juntos, mas no dia seguinte as contas estavam pagas e a vida recomeçava. Tudo isso era por causa de uma gaveta mágica na mesa do secretário, onde todos depositavam às ocultas as suas moedas para as despesas.Seria mais interessante essa história contada pela própria Anita, que poderia também ser, se o quisesse, uma grande escritora. Conservo com carinho algumas de suas cartas, comprovadoras do que acabo de afirmar. Entre elas acha-se uma que escreve, com agilidade e espírito, o que foi a célebre Semana de Arte Moderna. Nessa época eu me achava em Paris, estudando pintura e não me nego a dizer que fiquei chocada ao saber que em São Paulo se atacava Olavo Bilac e outros nomes consagrados. Era essa a atitude daqueles que em 1916-1917 deram apoio a Anita. Todos os organizadores da Semana se confraternizaram em torno da pintora e se conheceram durante a sua exposição. Di Cavalcanti foi o primeiro a apresentá-la a Oswald de Andrade. Casualmente, apareceu na exposição Mário de Andrade, que voltou depois levando à artista um soneto parnasiano, dedicado ao “Homem Amarelo”, quadro que adquiriu mais tarde para a sua coleção. Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia e Armando Pamplona escreveram artigos elogiosos no Correio Paulistano. E os anos se passaram. Hoje, todos, unânimes, reconhecem em Anita uma precursora, cujo nome está definitivamente ligado à história da pintura brasileira. Seus quadros já estão sendo disputados pelos colecionadores conscientes de que é maior a sua valorização em cada ano que passa.Do período de exaltação da sua primeira exposição, onde as cores são violentas e às vezes agressivas, a pintora atinge agora o período de suavidade. Ao entrar no salão do Instituto dos Arquitetos, deparamo-nos com um conjunto de cores luminosas, agradáveis, que se espalham com espiritualidade pelas suas flores e nas suas telas tipicamente brasileiras.(Amaral, Tarsila. In Tarsila Cronista. Introdução e Organização de Aracy Amaral – São Paulo. Edusp, 2001 – 1ª Edição. Anita Malfatti - Págs. 207 a 210).
www.literalmeida.blogspot.com/







Letícia nº15 e Marina nº25

Anita Malfatti - influências artísticas

Henri Matisse

Fernand Léger

Homer Boss

Lovis Corinth

Ernest Bischoff-Culm


Henri Matisse


La Rentrée – Anita Malfatti (1927)
Ilustra a influência artística de Henri Matisse na obra de Anita Malfatti




A Música - Henri Matisse




Fernand Léger



Composição Cubista – Anita Malfatti (influência de Fernand Léger)




Composição com chaves e travessa

(Composition aux clefs, huile sur toile, 1929, achat de la Ville du Havre en 1984) - Fernand Léger (1929)




Homer Boss








Homer Boss. Retrato com cadeira vermelha. Mrs. A.S. Baylinson (1920).



O Farol de Monhegan - Anita Malfatti. (Obra produzida em viagem com o Prof. Homer Boss.)



Lovis Corinth




As Margaridas de Mário - Anita Malfatti (1922). Influência de Lovis Corinth.





Tulipas, Lírios e Rosas – Lovis Corinth (1915)


Ernest Bischoff-Culm

Paisagem dos Pirineus: Cauterets - Anita Malfatti (1926)




Letícia nº15 e Marina nº25

John Graz

John Graz





John Graz no seu atelier de Genebra antes de 1920.


John Graz nasceu em Genebra, na Suiça em 1891. Ingressou na Escola de Belas Artes de Genebra em 1908, é teve como professor Eugène Gilliard. Foi discípulo também de Edouard Ravel com quem aprendeu uma multiplicidade de técnicas e estilos. Em 1911 estudou decoração, design e publicidade com Carl Moos, na Escola de Belas Artes de Munique. Em 1923 retorna à Escola de Belas Artes de Genebra, onde permanece por dois anos. Neste período na companhia dos irmãos Regina Gomide (1897-1973) e Antônio Gomide (1895-1967). Em Paris, se familiariza com o trabalho de Paul Cézanne (1839-1906) e com o cubismo, o fauvismo e o futurismo. Recebe, por duas vezes, a Bolsa Lissignol e parte para estudos na Espanha. De volta à Suíça realiza vários trabalhos como ilustrador.
Em 1920 vem para o Brasil e, nesse mesmo ano, casa-se em São Paulo com Regina Gomide. Por intermédio de Oswald de Andrade (1890-1954) o casal passa a fazer parte da vida intelectual da cidade. Graz participa da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo sete obras, junto a nomes como Anita Malfatti, Lasar Segall e Di Cavalcanti trazendo a renovação da pintura brasileira na influência dos movimentos de vanguarda. A partir desta data, atua intensamente no grupo modernista e tem um de seus trabalhos publicados na revista Klaxon, 7ª edição. Em 1925 trabalha ao lado do Arq. Gregori Warchavchik e Rino Levi. Projeta e executa a decoração de residências paulistanas, desenhando móveis, luminárias, afrescos, vitrais, maçanetas, banheiros e jardins. Passa a ser chamado por Oswald de Andrade, de Graz, o futurista.
Em 1933, torna-se sócio-fundador da Sociedade Pró-Arte Moderna, SPAM.
Ainda na década de 1930 produz inúmeras capas da revista Ilustração Artística do Brasil e forma o “Grupo dos Sete” com Regina Graz, Antônio Gomide, Elisabeth Nobling, Rino Levi, Victor Brecheret e Yolanda Mohalyi.
Em 1969 dedica-se somente à pintura e as artes plásticas, interrompendo os projetos de arquitetura.









John Graz - As Amazonas ( 75 x 75 óleo sobre tela)



John Graz - Pescadores (1920/1930)






John Graz – Geométrico (1980)

Alessandra nº01, Marina nº24

Referências e links

Referências e links:


1) Camargos, Márcia: Paulicéia, Semana de 22– Ed Boitempo- 2002
2) Amaral, Tarsila. In Tarsila Cronista. Introdução e Organização de Aracy Amaral – São Paulo. Edusp, 2001 – 1ª Edição. Anita Malfatti - Págs. 207 a 210
3)
www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm
4) http://www.macvirtual.usp.br/
5)
www.infoescola.com/artes/semana-de-arte-moderna/
6)
www.leonorcordeiro6.blogspot.com/2006_08_01_archive.html
7)
www.leioomundoassim.blogspot.com/2008/04/srie-arte-brasileira-anita-malfatti.html
8)
www.semanadeartemoderna22.blogspot.com/2008/11/anita-malfatti.html
9)
www.planejamento.pmrp.com.br/SCULTURA/MARP/Anos20/I14obras.htm
10)
www.pintoresdorio.com/index.php?area=artistas&artista
11)
www.ville-lehavre.fr/images/malraux/FernandLegerComposition.htm
12)
www.literalmeida.blogspot.com/
13)
www.corinth-lovis.de/e/works.shtml
14)
http://www.portalartes.com.br/portal/artigo_read.asp?id=547
15)
www.literalmeida.blogspot.com/
16)
http://www.santafamília.com.br/
17)
http://www.kuarup.com.br/
18)
www.arquiteturamodernacapixaba.hpg.ig.com.br/introd-AMB.html
19)
www.mundosites.net/artesplasticas/artemoderna.htm
20)
www.dec.ufcg.edu.br/biografias/MenoDPic.html
21)
www.casamenotti.com/
22)
www.youtube.com/watch?v=5_5YrfBgQdY
23)
www.slideshare.net/search/slideshow?q=menotti+del+picchia&submit=post&searchfrom=header&x=14&y=9
24)
www.sempla.prefeitura.sp.gov.br/historico/1920.php